quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Carona profissional nunca mais

Carona profissional nunca mais

Somente aos 40 anos, Jonny Damasceno enfrentou seu medo do volante. Ele conta como venceu uma neurose que lhe impedia de dirigir

Bia Amorim, iG Rio de Janeiro | 19/08/2010 10:30

Ele se considerava o carona profissional. Depois de bater o carro de um amigo aos 18 anos, na saída de uma balada, o gestor de Tecnologia da Informação Jonny Damasceno ficou se questionando se dirigir era mesmo tarefa para ele. Ficou muito tempo com a carteira no bolso e o carro na garagem. Com quase 40 anos e esta “falha” no currículo, tomou coragem para mudar a situação. “Eu era um cara bem-sucedido profissionalmente, mas não conseguia me sentir bem ao volante e isso me incomodava. Não existia aquele grande desafio na vida a ser superado, que não fosse esse. Então achei que era hora de mudar.” A decisão o levou a procurar a clínica-escola Cecília Bellina. Dez meses depois o tal carona deu lugar a um seguro motorista, dono de uma EcoSport. “Sei que demorei para terminar o curso, mas o mais legal do método é o respeito ao tempo de cada aluno”, contou. E foi lá, na filial da Tijuca, zona norte do Rio, que ele deu a entrevista a seguir:

Foto: George Magaraia

Aprovado no curso, o gestor de TI Jonny Damasceno brinca com o instrutor pedagógico Willian Queiroz, que o ajudou a perder o medo do trânsito

iG: Como você acha que surgiu o medo de dirigir?
Jonny: Na adolescência, a turma do bairro tinha o sonho de tirar carteira e ter seu próprio carro. Na minha época era muito fácil ter uma habilitação, mas não tive condições de comprar o meu. A primeira vez que peguei o carro de um amigo bati e rolou um trauma. Fiquei me perguntando se não era para ficar no banco do carona. O carro foi ficando em segundo plano, principalmente quando as minhas irmãs começaram a tirar carteira e dirigir para mim.

iG: As mulheres dirigiam para você?
Jonny: Sim, minhas irmãs e até as namoradas, que sempre tiveram carro. Com 27 anos me casei e a minha mulher passou a guiar o carro para mim. Virei o carona eterno e para mim era o melhor dos mundos. Só quando me separei, dois anos depois, é que comecei a sentir falta de dirigir. Com 38 anos apenas é que tomei coragem e comprei o meu primeiro carro. Não dirigia porque não tinha prática, mas achava na minha cabeça que a hora que eu quisesse era só sentar e sair dirigindo.

iG: Você se aventurou a dirigir esse carro alguma vez?
Jonny: Sentava no carro e andava um pouquinho e já sentia o maior desconforto. Começava a suar e tinha taquicardia. Meu medo sempre foi o de machucar alguém, não era o de bater com o carro. Mas bati com esse também, foi traumático e decidi que não queria mais.

Foto: George Magaraia

Jonny tirou a Carteira Nacional de Habilitação aos 18 anos, mas só aos 40 tomou coragem e enfrentou de vez a fobia ao volante

iG: E nesse tempo todo você não sofreu preconceito?
Jonny: Costumo dizer que o que é bom a gente mostra e o que é ruim, esconde. Quando alguém me perguntava se eu dirigia, eu mostrava a minha habilitação. Eu dizia que preferia ser carona e nos últimos tempos estava botando a desculpa na Lei Seca, um artifício para me proteger e não ficar por baixo.

iG: Quando a história começou a mudar?
Jonny: Quando fiz 40 anos me bateu aquela coisa de estar para completar uma idade emblemática e ter esse desafio pela frente. Às vezes estava em casa no final de semana e não tinha a chance de pegar o carro e passear, sair por aí, como todo mundo faz. Minha rotina era esticar o dedo e pegar o táxi. Minha mãe me mostrou um recorte de jornal falando da clínica-escola Cecília Bellina, mas não acreditei que pudesse dar certo porque é difícil admitir o medo. Essa coisa de psicólogo, de precisar contar os meus problemas para alguém que não conheço e assim resolver a questão nunca me pareceu uma solução cabível. É muito mais fácil a mulher buscar por essa ajuda porque tem um lado mais sensível, de se abrir, homem não: vai para o bar, enche a cara e desabafa com amigo.

iG: Como foi o processo?
Jonny: Cheguei cético. Fiz o treino prático, o processo de adaptação com carro, que é bem bacana. Porque na auto-escola comum os instrutores não estão nem aí para você, só te ensinam a malandragem de olhar para os cones para fazer a prova. Fiz a terapia de grupo, com certa reticência, até aceitar. Tentei me boicotar, mas percebi que ou enfrentava a questão ou dormia com o fato de que dirigir não era para mim. O homem tem em si seu pior e maior inimigo, se você coloca na sua cabeça que não consegue, não tem ninguém que vá fazer o contrário. Usei o slogan da campanha do Obama: “Yes, We Can”. Demorei 10 meses, mas consegui ter a naturalidade para dirigir com segurança.

Foto: George Magaraia

Jonny mostra, orgulhoso, a foto do dia da conclusão do curso, que durou 10 meses, no "Mural da Vitória" onde alunos registram seus êxitos

iG: Durante o aprendizado percebeu alguma característica diferente em você?
Jonny: No grupo em que eu estava, a gente percebeu que a maior característica que nos unia era a visão muito perfeccionista da vida. O meu grupo era formado por pessoas de nível, com bons empregos, boa situação financeira, todos bem relacionados e que gostavam de tudo tão perfeito que não se viam na posição de serem prejulgados por outras pessoas na rua. Pensava que se fizesse alguma besteira, alguém ia cravar a mão na buzina e ficar falando de mim o resto do dia. Uma falha demonstrada no trânsito para mim era como dizer que eu era incompetente.

iG: E agora, como se sente?
Jonny: Hoje a minha vida mudou da água para o vinho. Quando entrei aqui, meu carro estava com a minha irmã. No meio do curso disse para ela: perdeu! Eu fiquei tão feliz, que decidi comprar um carro novo. Já fiz algumas pequenas viagens e estou planejando ir com a família do Rio para a Bahia dirigindo. Agora não é mais uma questão de medo, mas de tempo para colocar o sonho em prática.


Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/carona+profissional+nunca+mais/n1237752466668.html

Homens buscam clínicas-escolas para perder medo de dirigir

Homens buscam clínicas-escolas para perder medo de dirigir

Apesar da maioria ainda ser de mulheres, homens procuram ajuda de especialistas para encarar o volante

Bia Amorim, iG Rio de Janeiro | 19/08/2010 10:30

Pernas bambas, mãos úmidas, boca seca na hora de manobrar o carro em uma vaga “minúscula” ou quando o tráfego para justamente no meio de uma ladeira. Até os motoristas mais experientes já passaram por essas sensações incômodas quando começaram a se lançar ao trânsito. O problema é que existem aqueles que não perdem os sintomas com o tempo e chegam a desistir de dirigir, mesmo depois de conquistar a habilitação. As causas vão além do simples trauma. É o que atesta a psicóloga Cecília Bellina, dona de uma rede de clínicas-escolas no Rio, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo e que há 15 anos desenvolveu um método que já levou mais de 20 mil motoristas de volta para as rodovias. "Normalmente, são pessoas que exigem muito de si mesmas e acabam desistindo de dirigir diante dos primeiros erros", explica.

Foto: George Magaraia

Apesar de 85% dos alunos serem do sexo feminino, homens também buscam ajuda especializada para perder o medo de dirigir

Os departamentos de trânsito não possuem levantamento das pessoas que sofrem do transtorno. Porém, segundo pesquisa feita pelo empresário Cícero José Vieira Barros, dono da clínica-escola Dirigindo Bem – que existe há 10 anos e está presente em mais de sete Estados brasileiros -, cerca de 90% das pessoas que procuram por ajuda especializada são mulheres. Porém, essa realidade está mudando nos últimos tempos e os homens começaram a romper a barreira do preconceito e passaram a buscar ajuda. “As dificuldades são as mesmas para ambos os sexos. Só que a mulher, quando tem um problema, procura logo por ajuda especializada. O homem tem vergonha de mostrar suas fragilidades e busca o apoio nos amigos ou se arrisca e bate”, garante Cícero.

E foi justamente por querer evitar traumas maiores que o engenheiro José Ferreira, de 30 anos, procurou por uma clínica-escola. Aos 18 anos, ele tirou a sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Sem condições de comprar um carro naquela época, esperou mais tempo do que imaginava para voltar a guiar. Quando teve condições de ter o volante nas mãos, se viu inseguro em ganhar as ruas. “Quando comprei um carro, já havia perdido a prática. O automóvel é uma arma em mãos despreparadas e, por isso, me sentia muito ansioso de voltar a dirigir por conta própria”, diz ele, que garante que foi alvo de preconceitos. “As pessoas mexiam muito comigo pelo fato de eu não dirigir e tem gente que deixa até de te conhecer por isso. Infelizmente vivemos em uma sociedade machista”, completa José.

Foto: George Magaraia

Ao volante, o aluno José Ferreira, de 30 anos, conta suas limitações à psicóloga Cláudia Machado, durante a aula

A ideia do preconceito é corroborada pela psicóloga Cecília Bellina. “Existem alunos que eu chamo de agentes secretos: nem suas companheiras sabem o grau de sua inabilidade. O medo de dirigir é algo que a maior parte das pessoas tem vergonha em assumir. Socialmente não é compreendido porque parece uma incapacidade. Quando elas fazem a terapia de grupo é que percebem que não estão sozinhas”, explica Cecília.

O transtorno não tem relação direta apenas com incidentes violentos, como batidas ou assaltos. Outros fatores têm levado as pessoas a procurar por ajuda especializada, como temperamento muito crítico e perfeccionista e a própria instituição de auto-escola. “A ideia da auto-escola é a aprovação do aluno e não a formação de um motorista. Haja vista a situação caótica do trânsito nas grandes cidades”, explica Cícero, que vem observando um novo fenômeno na sua clínica-escola. “Cerca de 10% dos homens que se matricularam nos últimos anos são garotos de 18 anos, que chegam indicados pelos pais, preocupados em oferecer uma melhor qualidade de direção a seus filhos”.

Foto: George Magaraia

A terapia de grupo ajuda a reforçar os pontos positivos do processo de aprendizado, que pode durar de um a oito meses

O método das clínicas-escola é a terapia de enfrentamento. O paciente é entrevistado por um psicólogo, que busca saber a origem do trauma ou a razão da escolha pela ajuda especializada. Depois passa pela avaliação técnica com o instrutor pedagógico para seguir para o treino prático, que acontece simultaneamente à terapia de grupo ou individual (dependendo da instituição). É bom estar preparado para os gastos. Na Clínica Cecília Bellina, a média de tratamento é de oito meses e a mensalidade é de R$ 440. Já na Dirigindo Bem, se o aluno tem disponibilidade de tempo para se dedicar às aulas, ele pode voltar a dirigir em apenas um mês, com um investimento de R$ 500 a R$ 1200. “Fazemos uma pesquisa mês a mês com os formandos e temos um índice de 97% de êxito”, diz Cícero, da Dirigindo Bem. Então é só uma questão de investir, relaxar e acelerar.


Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/homens+buscam+clinicasescolas+para+perder+medo+de+dirigir/n1237752395466.html

domingo, 15 de agosto de 2010

O Conhecimento



Acredito que todo mundo já ouviu esta brincadeira: tudo na vida é passageiro, menos motorista e trocador. Aí eu pergunto: será verdade?

Tem uma “coisa” que com certeza não é passageira, uma “coisa” que nós nascemos com um pouquinho e morremos com muito. Esta “coisa” fantástica que nos leva à Lua ou a Marte, que nos permite encarar grandes desafios, como abrir um pote de maionese ou enfiar a chave certa no buraco da fechadura. Esta coisa que nos faz dar o sangue para passar aos filhos e que nunca tem fim. Esta coisa é simplesmente a aventura do saber.

E o que é saber? Saber o que ou para que? Saber falar línguas, saber cantar músicas, saber se apresentar, saber batucar, saber olhar a vida do ponto do horizonte, saber fritar um ovo ou saber dar cambalhotas.

Todos os dias nós praticamos inconscientemente o que já sabemos, como, por exemplo, dirigir um carro, andar de bicicleta ou simplesmente pegar um ônibus, mas nos irritamos profundamente com as coisas que ainda não aprendemos como, por exemplo, colocar o carro em uma vaga apertada. Quando nós não sabemos o que fazer nosso experiente raciocínio foi treinado para nos chamar de “toupeiras” ou para dizer que não dá mais tempo para aprender.

Mas, o que mudou da época em que tínhamos a curiosidade de uma criança para a fase que temos a impaciência de um adulto catequizado? Na verdade, nada mudou! Ou melhor, mudou, mudou a nossa esportiva. Trocamos aquela disposição de levantar do tombo atrás do cachorro, aquela pró-atividade de ralar o joelho e se concentrar no doce, sorvete ou na pipoca. Aquela pressa em conhecer os segredos e os mecanismos das coisas, ou seja, trocamos todo aquele conhecimento incondicional pela novidade, por uma idéia “mané”e preguiçosa que já sabemos o essencial para pagar nossas contas e, por tanto, sobreviver.

Pois é! E nós aprendemos a pagar nossas contas, aprendemos a pagar os pequenos incêndios do cotidiano, aprendemos também a reclamar das contas que pagamos, aprendemos a administrar nossos insucessos e aprendemos, sobretudo, a refinar nossas mirabolantes reclamações em torno do desconhecido e dizemos: aprender é um saco, treinar qualquer atividade é penoso, o que dirá o conhecimento. Além da aporrinhação do tempo perdido só nos traz um inútil diploma!!!

No final das contas, todas as queixas têm o mesmo endereço e todo mundo reclama da falta de dinheiro, mas são poucos e raros os que reclamam da falta de conhecimento. Vamos imaginar: Como você imagina que Henry Ford concebeu o carro? Como Bill Gates transformou a informática no mundo? Como aprendemos a dirigir? (quando aprendemos!), Como emagrecemos?

Não existe formula mágica. Tudo isso é feito com muito esforço, determinação, repetições, tempo e muito, mas muito conhecimento. Nada é por acaso. Para criar o carro vários projetos foram estudados, testados e aprimorados. Pensem um pouco o que aconteceu com a tecnologia deste o lançamento do MS-DOS; lembrem quantas aulas fizemos para conseguir a habilitação; quem já fez alguma dieta de verdade na vida também sabe como é difícil e que a persistência é fundamental no processo.

Tenho algo importante para compartilhar: a vida não esta aí para ser suportada ou vivida, mas para ser conhecida! E onde tem conhecimento possivelmente terá ousadia e conquistas porque para conquistar é preciso entender antes. Mesmo que não se conquiste nada, ninguém mais na terra pode tirar o conhecimento adquirido.

Conhecimento: busque, almeje, pratique e compartilhe, sem dúvida, será seu brinde de maior valor!



Texto adaptado - Autor Desconhecido
Fonte: http://www.ledi.com.br/index.php?ano=2009&mes=1

domingo, 8 de agosto de 2010

A Porta ao Lado (Dr. Dráuzio Varella)




Em entrevista dada pelo médico Drauzio Varella, disse ele que a gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos que absolutamente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada. E aí ele deu um exemplo trivial, que acontece todo dia na vida da gente...

É quando um vizinho estaciona o carro muito encostado ao seu na garagem (ou pode ser na vaga do estacionamento do shopping). Em vez de simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resto do seu dia.

Eu acho que esta história de dois carros alinhados, impedindo a abertura da porta do motorista, é um bom exemplo do que torna a vida de algumas pessoas melhor, e de outras, pior.

Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende por que eles parecem ser tão mais felizes.

Será que nada dá errado pra eles? Dá aos montes. Só que, para eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença.

O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que "audácia" contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga e não deixam barato. Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente. O mundo versus eles.

Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também. É incômodo, tem um freio de mão no meio do caminho, mas é um problema solúvel. E como esse, a maioria dos nossos problemões podem ser resolvidos assim, rapidinho. Basta um telefonema, um e-mail, um pedido de desculpas, um deixar barato. Eu ando deixando de graça ...

Pra ser sincero vinte e quatro horas tem sido pouco pra tudo o que eu tenho que fazer, então não vou perder ainda mais tempo ficando mal-humorado.

Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e gente idem; pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a "porta do lado" e vou tratar do que é importante de fato.

Eis uma chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão por que parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado.

Quando os desacertos da vida ameaçarem o seu bom humor, não estrague seu dia... Use a porta do lado e mantenha a sua harmonia.

Lembre-se, o humor é contagiante - para o bem e para o mal - portanto, sorria, e contagie todos ao seu redor com a sua alegria.

A "Porta do lado" pode ser uma boa entrada ou uma boa saída ...


Autor: Dr. Dráuzio Varella